O Cálculo renal, também chamado Litíase renal ou “pedra no rim”, é formado a partir da concentração de cristais na urina. Cerca de uma a cada 10 pessoas são afetadas durante a vida e 50% terão recorrência em 4 anos após o primeiro episódio. Decorrem de variadas causas e podem ter diferentes constituições químicas, destacando-se o cálcio, em 85% dos casos. Quando migram para o ureter (canal que transporta urina do rim até a bexiga), cursam com o bloqueio do fluxo urinário, causando obstrução e dor (cólica renal).
Mas como se forma o cálculo renal?
Entender a formação das pedras é simples. Imagine um copo cheio de água clara e transparente. Se jogarmos um pouco de sal, ele se diluirá e tornará a água um pouco turva. Se continuarmos a adicionar sal, a água ficará cada vez menos clara, até o ponto em que o sal começará a se depositar no fundo do copo. A precipitação acontece quando a água fica super saturada com sal, isto é, a quantidade de água presente já não é mais suficiente para diluir o sal.
Esse é o princípio da formação dos cálculos. Os rins são responsáveis por manter o equilíbrio de diversas substâncias químicas no nosso corpo, como os sais minerais. Por isso, é natural e esperado que a urina possua elementos como cálcio, oxalato, ácido úrico, fosfato e magnésio, entre outros.
No entanto, quando a quantidade de água na urina não é suficiente para dissolver todos os sais presentes na mesma, estes retornam a sua forma sólida e precipitam nas vias urinárias. Os sais e minerais precipitados na urina tendem a se aglomerar, formando inicialmente pequenos cristais e posteriormente, à medida que continuam se depositando, as pedras.
Essa precipitação dos sais presentes na urina ocorre basicamente por dois motivos: falta de água para diluir ou excesso de sais para serem diluídos.
Quais são os sintomas do cálculo renal?
A clássica apresentação é uma dor de início súbito, intensidade severa, tipo cólica (em ondas), localizada na região lombar, que se irradia para o abdome anterior, usualmente em um dos lados.
Sintomas miccionais, como a sensação de que a bexiga não esvazia, podem estar associados. Não existe uma posição de conforto para o paciente, que usualmente apresenta-se inquieto, tentando encontrar uma maneira de aliviar a dor. Podem ocorrer náuseas e vômitos.
Cálculos localizados nos rins usualmente geram sintomas menos intensos, mas muitas vezes necessitam de tratamento.
A cólica renal ocorre se houver a obstrução do ureter (canal que drena a urina do rim para a bexiga) por um cálculo.
Como realizar o diagnóstico do cálculo renal?
Além da história clínica, normalmente típica, pode haver um pequeno sangramento na urina.
O diagnóstico definitivo é feito através de um exame de imagem. O melhor método, quando disponível e não houver contraindicação, é a tomografia computadorizada do abdome, que detecta a maioria dos cálculos. O ultrassom e o raio X do abdome também podem ser úteis.
Como é o tratamento do cálculo renal?
Recentemente houve um considerável progresso no manejo e tratamento cirúrgico de pacientes com cálculos em vias urinárias. Ele vem se tornando cada vez menos invasivo, com recuperação mais rápida e com menos dor associada. Aproximadamente 20% de todos os cálculos renais necessitam de tratamento cirúrgico. Cálculos grandes ou aqueles que estão migrando e impactados em ureter superior são menos prováveis de eliminação espontânea. A decisão sobre tratamento expectante ou cirúrgico é baseada em alguns fatores: o tamanho, a localização e o tipo do cálculo, bem como a presença de disfunção renal, dor não controlada, infecção associada e a preferência do paciente.
Observação ou vigilância: a conduta expectante ou terapia expulsiva deve ser indicada quando os cálculos renais / ureterais são pequenos, assintomáticos, sem dilatação renal / ureteral associada e na ausência de infecção. Deve-se realizar ingestão hídrica adequada e pode-se associar a Tansulosina, um medicamento com ação alfa-bloqueadora que relaxa a musculatura do ureter e aumenta a chance de eliminação espontânea do cálculo que está em descida. Essa eliminação pode levar até três semanas.
Como é feito o tratamento cirúrgico?
Existem três formas de tratamento minimamente invasivo dos cálculos nos rins:
Ureteroscopia / Ureterolitotripsia: sob anestesia, introduz-se um fino aparelho endoscópico na via urinária através da uretra até o local aonde o cálculo está localizado. Pode-se fragmentá-lo com laser ou retirá-lo com pinças especiais. Esta cirurgia pode ser indicada para tratar cálculos nos rins e nos ureteres.
Litrotripsia por onda de choque (LECO): sob sedação, o paciente é colocado em uma maca na qual está acoplada um gerador que emite ondas de choque mecânico. A transmissão destas “ondas de vibração” da pele até o rim é responsável pela fragmentação dos cálculos. Estes fragmentos serão eliminados pela urina, algumas vezes com dor durante a sua expulsão. Geralmente esta técnica é utilizada para tratar pequenos cálculos nos rins.
Nefrolitotripsia percutânea: sob anestesia geral, uma pequena incisão é feita na pele da região dorsal na altura do rim. Por meio desta incisão, realiza-se a dilatação do trajeto a ponto de se conseguir introduzir um aparelho fino diretamente no rim. Segue-se a isso a fragmentação e aspiração dos cálculos. Esta técnica é reservada para cálculos renais maiores e mais complexos.
Como prevenir o cálculo renal?
A primeira dica é sempre cuidar da alimentação, ingerindo pelo menos 2 litros de água por dia, além de realizar exames preventivos. Tenha moderação no consumo do sal e evite altas taxas de proteína ao longo da semana.
Observe também a cor da urina. Caso ela comece a ficar em um tom mais escuro, é hora de procurar um especialista. Aliás, a realização de um check-up anual deve ser um compromisso pessoal, mesmo que tudo esteja aparentemente em ordem.
Nos dias mais quentes, consuma uma quantidade maior de água e líquidos saudáveis, como sucos. Evite refrigerantes e outras bebidas industrializadas que têm grande quantidade de sódio.
Pratique atividades físicas e não s
egure a urina por muito tempo. Invista na sua qualidade de vida e tenha sempre nas refeições um prato com legumes, verduras e frutas disponíveis para você se alimentar ao longo do dia.
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